Gabriel Almeida: Quanto à sua legitimidade, sem dúvida. Aliás, já se deu independência a tantas nações, muito mais por conveniência e interesses externos do que por outra coisa, que faria todo o sentido (ou mais ainda) consenti-la ao País Basco. Possivelmente, se não tivesse acontecido o 1 de Dezembro de 1640 e hoje fosse Espanhol, com certeza teria maior noção do sentimento basco. Contudo, num mundo extremamente globalizado como o de hoje, em que as políticas são tomadas numa perspectiva de desenvolvimento regional, se fala na federalização da União Europeia, e sendo a Espanha um país democrático e respeitador de tradições, não faz para mim tanto sentido evocar-se a independência como faria se vivessem numa ditadura e se o seu povo fosse maltratado, como aconteceu aquando da ditadura de Franco.
Mas Gabriel, já agora, tira-me uma dúvida acerca deste assunto que, por certo, terás uma noção da realidade espanhola muito mais correcta que a minha. Excluindo o País Basco, pelas razões que apontaste, achas que as regiões do Norte de Espanha, como a Catalunha e a Galiza, reivindicam a independência como uma forma de negociação (como referiste) com Madrid ou mais por considerarem que teriam um nível de vida muito melhor se não tivessem de "sustentar" o Sul de Espanha, mais pobre e atrasado?